terça-feira, 16 de abril de 2013

O canto da filosofia é consonante à nossa existência?


Metáforas. Ótimo tema para começar um texto. Talvez seja a forma mais didáticas de explicar algo não muito a vista. Faz do abstrato concreto (mente vazia, mente sã). Enfim. Tudo fica fácil quando a vida é esmiuçada metaforicamente.

Era uma vez dois professores. Duas vidas sem sentido. Nada a ver com nada, viagem, sem noção. A manhã estava se findando. Já era quase duas da tarde. Porém ainda não tinham almoçado. Entre um cigarro e outro, muitos pensamentos transbordavam, como leite fervendo na caneca. A história começou assim…

Começo a falar sério.

Há quem compare nossa curta passagem pela vida com a teoria musical. Assim como toda música, há de ter um começo, meio e fim. Se não nascemos, logo não existe música. É no ato do nascimento que começa nossa melodia. 

A grande maioria das pessoas tende a nascer na levada da tônica de uma harmonia, ou seja, o acorde fundamental. No processo da nossa provável existência, a composição da melodia da vida passa por acordes, às vezes de distanciamento, às vezes de aproximação, ou ainda, sobretudo, de tensão. 

Se estamos vivos, a condição racional humana nos informa que vamos morrer. Assim sendo, boa parte da nossa vida tocamos o acorde dominante. Na teoria musical, o acorde dominante é o segundo mais importante da harmonia, só perdendo para a tônica que é, ao mesmo tempo, o acorde de partida e o de repouso. O acorde dominante é a própria racionalidade humana que sabe que morrerá um dia. Mas não sabe quando. Sua essência a trai. A sua consciência é de que está vivo, porém que se sabe mortal. E que findará. Passamos a vida esperando a morte, assim como na canção, o acorde dominante espera o repouso definitivo.

Às vezes a vida toca o acorde da incerteza: O que vamos chamar de momento subdominante. Esse é um período onde não sabemos qual é o rumo que nossa vida vai tomar a partir daí. É simplesmente uma espécie de distanciamento da melodia principal. Tanto podemos tomar o rumo da calmaria quanto do desassossego. Este último, explicarei agora.

Talvez os momentos mais difíceis da nossa existência tenham como fundo musical uma melodia que conversa com um acorde de tensão: o diminuto. São momentos onde parecem que o repouso definitivo nos chama, nos obriga a dar esse passo além. Mas assim como na música, esse desespero harmônico pode também caminhar para outra direção, por mais óbvio que pareça a primeira opção. Acabamos sempre dando um jeito de não finalizar a canção, pois sempre há o desejo de falar algo a mais, nem que seja, novamente, de amor.

Datilogravura: Anderson Balbinot.

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